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ZÉ DA LUZ
( Paraíba, Brasil )
Severino de Andrade Silva (Itabaiana, Paraíba, 1904 — Rio de Janeiro, 12 de fevereiro de 1965), mais conhecido como Zé da Luz, foi um alfaiate de profissão e poeta popular brasileiro.[1]
Publicava suas obras em forma de literatura de cordel.
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Severino de Andrade Silva, conhecido como ZÉ DA LUZ, como observou Manuel Bandeira, "pertence àquela categoria de poetas intermediários entre a poesia culta da cidade e a poesia dos improvisadores sertanejos". José Lins do Rego disse que ler Zé da Luz é como "escutar o fala arrastado do povo, nos erres comidos, nos eles sem força". Sobre a deformação da linguagem operada pelo poeta, Altimar Pimentel faz o seguinte comentário: "Questiona-se a validade da linguagem propositalmente deformada para melhor retratar a gente analfabeta de que o poeta se faz intérprete. Mas, de modo inverso, questiona-se também o estilo de José de Alencar, com Iracema, Pery ou Ubirajara de frases poéticas, sentimentos nobres, linguagem rebuscada"!. Poeta social, Zé da Luz publicou Brasil caboclo em carne e osso (em edição de 19179, a Editora Acauã, de João Pessoa, reuniu duas obras).
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PINTO, José Neumanne. Os Cem Melhores Poetas Brasileiros do Século. Textos introdutórios e notas bibliográficas de Rinaldo Fernandes. Pesquisa, revisão de poemas E coordenação de direitos autorais Santra Moura. Ilustrações de Tide Hellmeister.
1ª. reimpressão. São Paulo: Geração Editora, 2001. 324 p. ISBN 85-7509-003-8 Ex. bibl. Antonio Miranda
Brasil Cabôco
O que é Brasil caboco?
É um Brasil diferente
Do Brasil das capitá.
É um Brasil brasilêro
Sem mistura de estrangêro,
Um Brasí nacioná.
É o Brasil que não veste
Liforme de gazimira,
Camisa de peito duro,
Cum butuadura de ouro...
Brasí Cabôco só veste,
Camisa grossa de lista,
Carça de brim da "Polista"
Gibão e chapéu de couro!
Brasí Cabôco não come
Assentado nos banquete,
Misturado cum os hôme
De casáca e anelão...
Brasí Cabôclo só come
O bode sêco, o feijão,
E às vêz uma panelada,
um pirão de carne verde,
Nos dia das inleição,
Quando vai serví de iscáda
Prôs hôme de pusição.
Brasí Cabôco não sabe
Falá ingrês nem francês,
Munto meno o português
Que os outro fala imprestádo...
Brasí Cabôco não iscreve;
Munto má assina o nome
Prá votá, prumode os hôme
Sê Gunverno e Diputádo!
Mas porém, Brasí Cabôclo,
É um Brasí brasilêro,
Sem mistura de istrangêro
Um Brasí nacioná!
É o Brasil sertanejo
Dos côco, da imboláda,
Dos sambas, dos realejo,
Zabumba e caracaxá!
É o Brasí da vaquejada,
Do abôio dos vaquêro,
Dos arranco das boiada
Nos fechado ou tabulêro!
É o Brasil das cabôca
Que em os óio feiticêro,
Qui tem a boca incarnada,
Como fruta de cardêro
Quando ela náce alejáda!
É o Brasí das promessa
Nas noite de São João!
Dos Carro-de-bôi cantando
Pela bôca dos cocão!
É o Brasí das cabôca
Qui cum sabença gunverna,
Vinte e cinco pá-de-birro
Cum munfada entre as perna!
Brasí das briga de Galo!
Do jogo do "Sôco-tôco"!
É o Brasí dos caboco
Amansadô de cavalo!
É o Brasí dos cantado,
Dêsses caboco afamado,
Quinos verso improvisado,
Sirrindddo cantáro o amô;
Cantando chorário as mágua,
— Brasí de Pelino Guéde,
De Inaço da Catinguêra,
De Ugulino do Texêra,
E Rumano da Mãe-d´água!
É o Brasí das cabôca,
Qui de noite se debruça,
Machucando os peito virge
No batente da jinéla...
Vendo, os caboco pachola,
Qui geme, chora e soluça
Nas corda de uma vióla,
Ruendo paixão, prú éla!
É esse o Brasí Cabôco.
Um Brasí bem brasilêro,
Sem mistura de istrangêro
Um Brasí nacional!
Brasí, qui foi, eu tou certo,
Algum dia discuberto,
Pru Pêdo Arves Cabrá!!!
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Página publicada em agosto de 2022
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